Eu tive uma experiencia meio intensa aqui esses dias. Tentando resumir ao maximo no maior momento de total existencialismo eu acordei no meio da noite com um homem tentando entrar na minha casa. Um ptencial estuprador. Eu aqui na beira do rio Mekong. Nao quero repetir toda a estoria porque ja contei ela demais. Quem quiser saber detalhes eu escrevi um longo post no meu blog ingles aqui.
Esse post eu nao quero falar do que aconteceu mas sim das respostas que eu recebi ao meu email coletivo. Respostas de amor, preocupacao que vieram do Brasil, da Europa, do Oriente Medio, dos EUA, da Australia e ate mesmo da Africa. Eu recebi mensagens de gente do mundo todo. Pessoas que estiveram na minha vida de formas distintas em niveis de intensidade distintos mas que de alguma forma se sentiram tocados e resolveram me mandar a suas opinioes. Os seus conselhos. As suas sugestoes. Me senti confortada, intrigada e grata.
A vasta maioria das pessoas me escreveu para dizer que tinham se emocionado e que estavam felizes por eu estar bem. Houve uma parte que me lembrava de fechar a porta. A grande maioria das pessoas que eu conheco contaram como um ou outro evento tragico os tinha ensinado como eu a ver o mundo mais positivamente. Nao a focar no um incidente tragico mas no fato de aquilo ser tao chocante significar que na verdade eh raro.
Houve apenas um pequeno, bem pequeno numero de pessoas que me escreveu para falar o contrario. Meu irmao me escreveu para falar do egosimo inerente ao homem. Da violencia. Meu amigo soldado que defende a ocupacao da Palestina me escreveu para me dizer era por isso que Israel mantinha o exercito como eh. POr cause dessa maldade que existe.
Fiquei intrigada com esses emails que eles escreveram, mas tambem feliz de ver que o cinismo deles eh minoria dentre o grupo de pessoas que eu conheco. Eu sei que o email deles vem de se preocuparem. De quererem que eu evite me expor a riscos que eles julgam desnecessarios.
Eu concordo que eu posso fechar a porta que da para o rio. Esse eh um risco desnecessario. No entanto, eu nao concordo que eu tenha que deixar de ir ouvir as estorias das pessoas. De cruzar o mundo confiando.
Eu queria escrever esse post para dizer mais uma vez que a minha experiencia no mundo eh de enorme altruismo. Eu fui a milhares de lugares que me mandaram nao ir. Eu fiz couchsurfing na Palestina, fiquei na casa de gente que conheci pelo caminho na India, na Kashemira, em Israel, na Italia, na Franca, na Bolivia etc. Eu recebi na minha casa totais desconhecidos inumeras vezes. O que eu aprendi tomando esses riscos?
Eu aprendi que nos somos todos muito parecidos, capazes de mal e bem. Na maioria das vezes no entanto somos bons. Eu aprendi que em qualquer lugar que voce esteja as pessoas sao, se voce trata-las com respeito, sempre abertas e altruistas. Eu aprendi que ideologia nos separa mas a humanidade nos conecta. Eu aprendi que medo paraliza e que quem tem medo se tranca dentro das suas prisoes luxuosas e ve na excessao a regra. Eu aprendi que quem sai para ver o mundo tem muito mais fe na humanidade porque a nossa experiencia eh de sempre encontrar desconhecidos que nos ajudam por nada alem de que ser bom eh melhor que ser mal. Eu aprendi que quando alguem te ajuda voce quer passar para frente esse sentimento de gratidao. Eu aprendi que tempo que voce conhece uma pessoa nao se correlaciona com quao profundo pode ser o encontro que voces tem.
Acima de tudo eu aprendi que enxergamos no mundo o que projetamos. E que projetar no mundo o bem sempre cria uma vida melhor para quem projeta e para quem esta a volta. Enquanto os meus amigos que apoiam a ocupacao ilegal da Palestina continuarem achando que eles tem que se proteger nao havera nunca paz no Oriente Medio. Enquanto no Brasil as pessoas nao enxergarem o problema criado pela desiguldade eles continuarao andando nos seus carros blindados sentindo-se vitimas de injustica e impunidade. Enquanto tivermos medo de encontrar o outro, aquele de quem sempre ouvimos falar tao mal. Enquanto ficarmos na ideologia em vez de na humanidade. Enquanto nao encaramos que sim somos todos capazes do bem e do mal, mas que dependendo da escolha que fazemos criamos nao so o mundo que vivemos mas tambem a percepcao que temos dele.
Sim eu concordo eu posso trancar a porta de tras da minha casa esse eh um risco desnecessario, encontrar o outro, nunca eh.
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