And herein lies the tragedy of the age:not that men are poor,.. all men know something of poverty;not that men are wicked,.. who is good? Not that men are ignorant,..what is the thruth? Nay, but that men know so little of man. W.E.B du Bois (The souls of Black Folk)
domingo, abril 25, 2010
Vipassana I
Bom. Esse post eu nem sei por onde direito começar. Uma vez mais vou confiar no overflowing da minha mente. Finalmente, depois de muitos anos ouvindo falar, querendo ir, me increvendo e desistindo, chegando muito perto e indo embora, fui pela primeira vez fazer um retiro vipassana. Vipassana é uma tecnica budista de meditacao. Fiz o meu retiro pela organizaçao do dhamma ligada ao professor Goenka da tradiçao budista de meditacao de Burma. Mais informações aqui.
Esses centros sao espalhados pelo mundo e sao mantidos inteiramente atraves de doações, e voluntários. Quem resolve fazer um retiro vipassana nao paga nada pela hospedagem ou pela comida e so apos os 10 dias pode fazer uma doação logo depois que o curso termina ou entao depois quando voltar para casa. Assim, que enquanto, se está lá existe um sentimento enorme de gratidão pois fica muito evidente e claro que se é possivel la estar por causa da generosidade das pessoas que antes de vc foram apresentadas a vipassana, e por causa dos voluntarios que alem de meditar todos os dias tambem estao te servindo.
Era o momento certo para eu ir. Peguei o onibus e logo em Gloucester a cidade onde eu mudaria para o onibus local para ir em direcao a Hereford encontrei 3 outros meditadores, os tres ja eram "old students", ou seja ja tinha fieto um retiro antes. Claire, professora de Ingles estava voltando da India depois de passar 19 meses por la. A outra moça de quem nunca aprendi o nome, era do kazaquistao e estava indo servir como voluntária. O terceiro era um homem com tres filhos estudando em escola waldorf. Fomos juntos de onibus conversando meio quietamente pois afinal em breve estariamos todos em silencio pelos proximos 11 dias. Perguntei a eles se era muito dificil e responderam que era dificil mas maravilhoso. Meu estomago apertou um pouquinho mais.
Do onibus publico fomos deixados no meio do caminho onde uma van nos esperava. O dia estava lindo, e os ultimos kilometros estavamos todos muito introspectivos. Chegando ao centro mulheres para um lado, homens para o outro, deixei meu celular no guarda valores tranquei o e soubre que entao estava de vez desconectada até o final. No refeitorio uma sopa deliciosa sendo servida, um clima de alegria e certa ansiedade reinava e aos poucos fui conhecendo algumas pessoas. Na minha mesa havia uma inglesa filha de diplomatas que tinha vivido pelo mundo a fora, Clare minha companheira de viagem alem de ter passado 19 meses na India, tinha morado em muitos paises da Africa, a outra moca como eu era uma assidua viajante. Ponderei se esse cruzar de tantas fronteiras talvez nos deixasse todos assim meio descrente das regras por regras e meio perdidos.
Entao uma senhora Inglesa dessas que parece professora de Hogwarts nos deu as boas vindas. Nos explicou o que ja tinhamos lido mil vezes que nos proximos 10 dias observariamos silencio nobre. Silencio de fala, gesto, mente etc. Nosso horario era o seguinte:
4:00 am Morning wake-up bell
4:30-6:30 am Meditate in the hall or in your room
6:30-8:00 am Breakfast break
8:00-9:00 am Group meditation in the hall
9:00-11:00 am Meditate in the hall or in your room according to the teacher's instructions
11:00-12:00 noon Lunch break
12noon-1:00 pm Rest and interviews with the teacher
1:00-2:30 pm Meditate in the hall or in your room
2:30-3:30 pm Group meditation in the hall
3:30-5:00 pm Meditate in the hall or in your own room according to the teacher's instructions
5:00-6:00 pm Tea break
6:00-7:00 pm Group meditation in the hall
7:00-8:15 pm Teacher's Discourse in the hall
8:15-9:00 pm Group meditation in the hall
9:00-9:30 pm Question time in the hall
9:30 pm Retire to your own room--Lights out
Que trabalhassemos na nossa meditacao seriamente pois essa oportunidade de uma viagem de autoconhecimento tao profunda era uma grande oportunidade. Nos perguntou pela ultima vez se estavamos certos que queriamos ficar, pois uma vez comecado o retiro era melhor nao partir. Eu que tenho pavor de me meter em situacao que nao posso sair hesitei por um segundo, mas sabia que dessa vez que eu tinha ido ate la eu ficaria. Na mesa ao lado, uma senhora muito simples inglesa, mais velha muito preocupada perguntou se alguem ia ensina-la a sentar-se e a meditar. Percebi que aquela senhora ja mais velha, estava ali aberta a tentar uma coisa nova, durante todo o meu tempo eu sempre a procurei, me comovendo diariamente com sua forca de vontade.
Fui ao meu quarto arrumei minhas coisas, e finalmente conheci minha companheira de quarto Liz. Uma Inglesa muito bonita, muito leve, absolutamente adoravel. Contou me que nunca tinha meditado na vida, nunca tinha feito yoga, que essa era seria sua primeira experiencia. Supreendi-me mais uma vez com a coragem de algumas pessoas. Ela me disse que seria muito dificil nao me dizer bom dia de manha, eu ja encantada com Liz concordei e assim no meio da minha frase o Gongo tocou. O gongo que nos acompaharia das 4 da manha as 9 da noite anunciando todas as meditacoes, e intervalos e refeicoes. Fomos chamados aos nossos lugares onde havia uma almofada grande quadrada, coberta por uma pequena. NO fundo da sala inumeras almofadas extras e cobertores, que foram aos poucos durantes os 10 dias sendo inteiramente utilizados. Nossa primeira meditacao comecava, ao som das instrucoes de S.N.Goenka, e uma lagrima no meu rosto passeou lentamente, finalmente eu tinha chegado.
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