quinta-feira, novembro 22, 2007

Da viagem ao Marrocos - English Version


Alguns de vocês sabe ( olha o otimismo :) que eu finalmente fui viajar para o Marrocos. Escrevi, sobre o significado da viagem para mim em um outro post, mas nunca cheguei a escrever sobre a viagem em si. Fui com duas passagens de volta, uma para voltar em 20 dias, e outra para voltar em 34. Fiquei os 34, teria ficado mais, se um pequeno, bem pequeno senso de responsabilidade, e grande saudade do meu marido ( que ficou só 15 dias) não apertassem.

Como sempre, me preparei, o melhor possível... li os guias, as dicas, romances, historia.... nem tanto por querer estar preparada, mas mais por já querer estar viajando no dia em que comprei a passagem. E como sempre cada lugar dizia um coisa, cada pessoa uma opinião diferente. De unanimidade total: que me vestisse modestamente, mangas longas e calças folgadas ;e que esperasse ser abordada por todos o tempo todo.

Então fomos, os 3 ( Haiko, Adriana e eu) preparados. Poucas roupas mas conforme o indicado. Chegamos as 9 da manhã em Marrakech. Um calor incrível, filas e mais filas na imigração e um sistema demorado de entrada. Dados são mantidos, e recebe-se um numero de entrada, através desse número que será pedido em todos os hoteis , o governo sempre sabe onde o turista está.

Quando finalmente chegamos do lado de fora, lá estava minha amiga Mounia. Fiquei emocionada em reencontrá-la depois de alguns anos. E para nossa surpresa, ela estava como sempre se vestira em NY, de blusa tomara que caia.

´Mas Mounia os guias dizem para nem usarmos manga curta!?´

Ela riu, e disse que era bobagem, que cada um se veste como quiser.

Entramos no carro dela, e fomos direto ao seu apartamento. Um apartamento moderno, na praça central da Ville Nouvelle, decorado com os belíssimos quadros da minha amiga. A nossa espera Hafida, sua babá de infância, tinha preparado um café da manha monumental. Cheio de quitutes deliciosos que não conhecíamos. Hafida, de véu para sair, sem véu na casa. Mounia e eu falamos em francês, Hafida e Mounia em árabe marroquino. E logo ali bem no começo da minha viagem, ainda que eu não soubesse totalmente, a sociedade marroquina começava se pintar. Um mundo de fortes contraste, de desigualdade de gênero e social. Desigualdade plastificada pela diferença de língua. Um mundo de mistérios e beleza desconcertante atrás das pesadas portas. Um mundo dividido entre religiosos e ´modernizadores´. Um mundo de enorme hospitalidade, amabilidade e controle social. Um mundo de forças antagônicas, mantido por um rei ,que todos dizem adorar, pendurado em todas as paredes.

ps: Mounia Dadi é artitsta plástica, com exposicões pelo mundo.
  • Mounia Dadi
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