segunda-feira, março 31, 2008

Cinema, Aspirinas e Urubus



A minha primeira aula de antropologia, foi sobre as populações indígenas da América do Sul. Peguei meio por acaso, pois tinha conhecido o professor que a ensinava andando pelo jardim da faculdade. Gostei tanto, que no semestre seguinte me inscrevi em mais duas aulas dele. Uma delas era uma aula sobre documentários e filmes etnográficos.

Eu sempre gostei de cinema europeu, de fellini, truffaut, dos iranianos por isso achei que seria natural para mim esta aula. Não foi, logo no primeiro filme,achei difícil me focar. Percebi que me faltava a atenção, talvez maturidade, ou mesmo paciência. E dessas coisas que acontecem por acaso, assim que eu desisti eu comecei a achar cada vez mais interessante.

Os detalhes. A humanidade, não aquele discurso de filme que quer ser cult, mas o olhar perdido num cinema verite, ou detalhe posto numa cena, que no meio da correria do dia a dia nem percebemos. Comecei a gostar cada vez mais destes filmes liricos, humanos. E paralelamente comecei a desgostar daquela formula simples do cinema (primeiro cada um na sua, depois conflito e resolução) onde todo mundo se transporta e sai resolvido.


Meio como a musica que tem formulas cada vez mais repetitivas e simples. Tenho a impressão que sempre gostamos dos momentos de reconhecimento. Estes também acontecem em qualquer sinfonia, ou sonata, demoram mais do que na musica moderna, os temas vem meio modificados ou em outro tom, mas da um prazer enorme quando eles reaparecem. Parece-me no entanto que as pessoas parecem ter cada vez menos paciência. Menos paciência para esperar esses momentos, que de esperados se tornam tao belos e poéticos.

Fui assistir um dia desses o cirque de soleil. Gostei, eh impressionante mas eh muito. Achei demais. O James Thieree com 5 pessoas criou um espetáculo para mim, bem mais bonito. Um espetáculo que ainda conseguimos nos relacionar com quase tudo do que ta acontecendo.

Este meu texto de pura divagação era para falar do filme Cinema, Aspirinas e Urubus, que eh lindo. Com momentos absolutamente plásticos e tocantes. Quando fui aluga-lo perguntei se o filme era bom. O moco me olhou serio e disse, 'olha eh parado então eh meio chato ne ?'

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