And herein lies the tragedy of the age:not that men are poor,.. all men know something of poverty;not that men are wicked,.. who is good? Not that men are ignorant,..what is the thruth? Nay, but that men know so little of man. W.E.B du Bois (The souls of Black Folk)
quarta-feira, maio 19, 2010
Budrus
Meu grande e querido amigo, cineasta Fellipe Gamarano Barbosa, de quem ja falei aqui, ha mais ou menos quatro meses me encaminhou um email da sua amiga Ronit Avni (fundadora da Just Vision), falando do seu ultimo filme Budrus. Budrus o email explicava estaria em cartaz aqui em Londres no Human Rights Wactch International Film Festival. Percebi pelo e-mail que o filme tbm era projeto da Julia Bacha, amiga do Felipe de NY a quem ele tinha me apresentado brevemente enquanto eu morava la. Na época, a Julia ainda estava na faculdade mas algum tempo mais tarde eu leria seu nome nos creditos de Control Room, um documentatario incrivel sobre como a midia cobria a guerra do Iraque.
Na epoca lembro de pensar no brilhante livro do Edward Said. Covering Islam: How the Media and the Experts Determine How We See the Rest of the World que como Orientalismo fala de como o Ocidente cria a imagem do Oriente. Nesse livro em particular, Said fala de como a Midia literalmente cobre , no sentido de colocar uma coberta, esconder, a situacao real. O livro que foi escrito se nao me engano no comeco dos anos 80, falava da entao revolucao de 79 no Ira. Eu morando em NY desde a queda das torrres, assistindo diariamente como aos poucos ia sendo construido o argumento que legitimasse uma invasao primeiro ao Afeganistao e depois ao Iraque, senti um frio na espinho lendo o livro. O mesmo frio que eu senti assistindo filme da Julia.
Portanto quando vi que ela fazia parte da producao de Budrus soube na hora que eu queria ver o filme. Um sentimento forte, mas ainda nao "sensorial" "corporal". Apertei o link do email que me levava a pagina do documentario e assim que comecou o trailer meus olhos encheram de lagrimas. Assim que o filme terminou eu comprei meus ingressos pela internet mais de um mes antes do festival. Mandei um email coletivo a todos meus amigos que eu achei que se interessariam. "Ju mas esse filme vai passar em mais de um mes". De fato, mas eu ja sabia que eu precisava ve-lo.
E entao, chegou o dia, e la fomos nos. A esta altura o filme ja tinha ganhado o premio do Juri no Festival de Berlim e de la para ca, ganhou premios me Madrid, Tribeca, Sao Francisco,. Levou o De Niro, Michal Moore, a Rainha da JOrdania to name a few a seus "screenings".
O filme é absolutamente "breathtaking!". Logo na chegada percbei que o filme estava sold out. Entramos assim que a porta abriu e pude observar a sala se enchendo de ingleses, de judeus, de muculmanos, de viajantes do mundo como eu. E o filme comecou. Comecou com os Israelenses vindo arrancar as oliveiras para construir o muro ilegal que deixaria muitos vilarejos completamente fechados, sem acesso ao resto das suas terras. Assisti uma senhora vindo defender sua oliveiras. Uma arvore, eh uma vida. Arvores que tem centenas de anos, que vem sido cuidadas pelas mesmas familias, o simbolismo da violencia é dilacerante. Ali comecei a chorar e nao parei de chorar no filme um minuto se quer. No comeco de choque, tristeza, depois de raiva da injustica. Mas o meu choro mudou durante o filme para um overflowing de emocao, de comocao com forca de grassroot movements, com o poder da solidariedade que passa por baixo de linguas, culturas, nacionalidades, credos.
O filme, conta a estoria de um protesto pacifico que teve sucesso. Um protesto que uniu palestinos e israelenses judeus e a comunidade internacional. Que uniu ate os soldados que depois de servir o servico obrigatorio passavam para o outro lado, protestando juntos contra a construcao do muro naquel local. O filme que em si é a colaboracao da filmagem de todos essas pessoas durantes 6 anos. Julia, estava la para responder as perguntas da plateia. Ayed o personagem principal, o lider palestino, que tinha estado em Berlim teve sua entrada barrada na Inglaterra. Julia, nos deu muito mais informacoes, e num momento absolutamente emocionante, um israelense, que como eu, estava emocionadissimo, agradeceu a Julia pelo filme. Disse que nao tinha ideia de nada disso, disse que mostraria o filme a todas as pessoas que conhecia.
O filme é um dos projetos da organizacao Just Vison. A organizacao fundada pela Ronit Avni e da qual Julia faz parte. Uma organizacao que tenta combater o que o Said há um tempão tentou nos alertar. A Just Vision tenta trazer ao publico instancias onde os dois lado do conflito, as pessoas tentam buscar solucoes pacificas. Tentam se encontrar. Enquanto a midia foca em politicos e terroristas, a Just Vision conta a estoria de solidariedade entre humanos.
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Um comentário:
Julieta,
Assisti o filme aqui em NY e fiquei muito emocionada tambem. Ai enquanto procurava artigos sobre o filme encontrei seu blog! Parabens! O seu blog realmente é muito tocante!
Eduardo Castro
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