domingo, janeiro 09, 2011

Sem ponto final

É chegada mais uma vez a hora de eu partir. Já pensei umas mil maneiras de não partir. Mil coisas que poderiam dar errado e me prender aqui. Será que eu sempre faço isso. Confesso que eu já não sei mais se sou tão viajante, ou se por viver tanto essas mudanças o tempo todo acabei acreditando que sou. O que eu sei é que nessa manha faz sol la fora e a idéia de voltar para uma Londres gelada e sem luz é bem pouco charmosa.

Minha estadia no Brasil teve 4 fases. Um calendario lunar :) A primeira fase sempre começa comigo vindo tensa me escondendo no meu cantinho indo visitar a "maquina", fazendo meu exames, esperando o resultado, recebendo-os celebrando os e aos pouquinhos saindo da toca.

Na segunda fase eu fui me acalmar lá no sul com minha prima recem coincida de fato, mas como ja expliquei aqui, conhecida de muito tempo de dentro. Passei com ela o tempo da paz. Fazendo nada alem de ter conversas inspiradoras, caminhadas em meio ao verde, yoga, comendo comida organica, me encontrando com pessoas muito especiais. Renovando todas as baterias. Lembro de pensar enquanto estava na Lapinha que de fato 2010 tinha sido tranquilo que eu nem se quer precisava descansar tanto. Mas como a vida escreve certo por linhas tortas eu compreenderia depois que eu nao estava me renovando por esgotamento com o passado, eu estava me preparando para encarar o que viria no futuro.

A terceia fase foi o Rio de Janeiro. E o Rio de Janeiro foi tudo que há de intenso para mim. Sol demais, emoções demais, encontros demais, reencontros fortes.. e ainda uma despedida epica numa noite chuvosa onde eu acabei passando uma das piores noites da minha vida tentando fugir de um ataque um amigo meu. Foi epico. Chovia, eu chorava ele gritava. E eu que já tava meio esgotada antes da tal noite parti do Rio assim como quem foge esperando encontrar no deslocamento um cessar para toda o turbilhão e reviravoltas do dentro.

Então chegou a quarta fase: Ubatuba com minha familia. A fase de reavaliar tudo. O que é mesmo que eu to fazendo? Porque mesmo quero ir fazer minha pesquisa de campo em Israel? Porque é que eu moro em Londres? Porque é que eu deixo aqui tantas pessoas que eu amo? Perguntas, muitas perguntas sem resposta. Morria umas dez vezes por dia por não entender muito bem o tempo das coisas. Alguem que tiver lendo aí da uma luz. Como é que a gente sabe se quebra tudo? Ou se espera o furor passar? Não sei. Então eu nadei pedindo a todos os orixas e todo aquele resto de coisa que eu nunca nem sei quem é que tirasse ali no mar tudo. Andei a praia de ponta a ponta umas mil vezes. Fiz Yoga em todos os pedacos do meu jardim, em todas as partes da praia, em todos os pedacos de mim. Meditei na areia, na pedra, sentindo areia, sentindo o mar, sentindo os sons. Conversei com desconhecidos, com familia e até tive a chance de conhecer o grande flautista Toninho Carrasqueira e tocar com ele e seus amigos no Hotel da Dona Antonieta amiga da minha mãe.

Pronto e aí chegou a hora de partir. Voltei para Sao Paulo num choro silencioso de quem realmente nao sabe o que fazer. Será que toda vez eu passo por isso? Eu nem sei mais. Como é que a gente aprende a ficar no tempo nas coisas o tempo todo? Sem querer que ele se estenda ? Mas ao mesmo tempo como sera que a gente sabe que talvez nao esteja mais vivendo o tempo das coisas e por isso fica querendo fazer todo os resto se estender. Nao sei. E toda a meditacao do mundo nao resolveria, porque quando isso bate, bate assim sem vc querer se anestesiar, sem querer deixar passar.

Entao eu sento aqui na sala. Sento mais uma vez esperando meus queridos amigos aparecerem para dizer adeus. Muitas vezes esses adeus sao" Olas" pq na minha estadia eu nunca consigo ver todo mundo que eu queria ver. E sao nessas despedidas que eles vem dizer "Ola e Adeus" junto. E eu fico sempre com um nó na garganta. Sempre tento me convencer que isso é só até eu chegar do outro lado e me refaço nos outros encontros. Eu sei que um post devia ter conclusao... Normalmente eu concluo nisso em saber que do outro lado as coisas se resolvem mas nesse exato momento eu to me sentindo assim sem ponto final.

2 comentários:

Anônimo disse...

Minha linda, eu sinto a sua angústia. Quem mandou voce ser assim tudo demais? Pensar demais, sentir demais, tocar os outros demais :) O tempo passa tudo. Volta logo para cá em vez de ir morar em mais um continente!!!

Luli

Barbara disse...

Tava lendo seu post e mais um outro blog sobre as visitas ao Brasil, e fiquei pensando que de certa forma a gente eh privilegiado de passar por isso, ne nao? Essas idas ao Brasil, essas sacudidas nas nossas ideias, as despedidas (que sempre ficam mais dificeis, pelo menos pra mim) sao uma maneira de se distanciar das coisas, de ver tudo com uma perspectiva diferente. Fico pensando que quem vive sempre no mesmo lugar perde isso - por mais que seja dolorido, eh enriquecedor.
(digamos que eh a mesma maluquice que eu penso sobre parto - eh doloroso, nao eh bom, mas eh uma experiencia fantastica, e que eu ia ficar muito triste se nao tivesse tido)
E fica o comentario sem conclusao, que nem seu post :)
beijos!