terça-feira, maio 12, 2009

Listas

A Sabrina foi embora de Londres na quinta-feira passada. Foi assim sem ser muito bem definido se volta para ficar, se mudar para outro lugar, que lugar seria esse, enfim, foi assim em meio a uma enorme incerteza. Foi no dia do seu aniversario que celebramos no mesmo lugar onde tomamos muitos brunches e onde passamos muitas horas conversando das coisas mais variadas. Falamos de teses, de fisica, de antropologia, de filosofia, cinema das coisas mais profundas as mais banais tambem. Nessa quinta falamos de tudo menos é claro da despedida.

Anteontem eu fui a despedida da Marisa. Marisa que tambem esta terminando doutorado, que eu conheci num outro churrasco de um outro amigo que tambem ja partiu. Eu fiquei amiga da Marisa por causa da minha enorme distracao. Todas as vezes que eu ia mandar uma mensagem para Marisa Portuguesa que estuda comigo na LSE eu mandava a mensagem para a Marisa Brasileira que eu pouco conhecia. Todas as vezes ela me avisava, e todas as vezes eu ligava de volta para pedir desculpas. O tamanho do pedido de desculpa ia aumentando, tornavam-se no comeco saudacoes, depois conversas, e enfim amizade, logo assim bem pertinho dela ir embora. Bem pouco tempo antes da Marisa se mudar para os Estados Unidos.

Quantas pessoas tem que conscientemente escolher em que continente vao morar? Muitas no mundo eu imagino, mas nao sao tantas assim. A maioria das pessoas muda so de casa, de bairro. Outras mudam de cidade, mas assim de país não são tantas. E sao ainda menos as que mudam de paises varias vezes. Essas pessoas se encontram pelo mundo. Se encontram onde é que estejam. Pois essas conhecem bem a angustia que vem com a "liberdade" de mudar de paises. Essas sabem bem o que é uma vida de olas para muitos desconhecidos e adeus para muitas pessoas queridas.

E nao há momento que sintetize isso melhor do que deletar o nome de alguem querido do seu celular. Eu evito por um longo tempo fazer isso. Deixo o nome la, como varias desculpas "caso a pessoa volte", ou simplesmente so para me sentir acompanhada. Mas aí voce passa por aquele nome a quem tanto ligava e sabe que agora ja nao pode mais disca-lo. Passa, passa, passa varias vezes até que chega o dia em que voce vai até as funções do seu celular e escolhe "apagar". E fica ali olhando a ampulhetinha virando enquanto aquela pessoa está sendo apagada da sua vida.

E é claro que nos refugiamos em outras coisas, prometemos usar o skype, o facebook, o e-mail, o orkut, o msn afinal a pessoa nao vai desaparecer "de verdade". Depois de um certo numero de numeros apagados, no entanto, sabe se bem que apesar daquele pessoa nao estar de fato sendo apagada, do seu dia-a-dia ela está.

E é por isso que olha a ampulhetinha é tão duro. Por isso ela é tão simbólica. Ela mostra o tempo passando. E as amizades quando se mora fora parecem ter data de vencimento. "Quando termina o seu doutorado?" "E o seu mestrado?" "Quando voce deixa de receber a sua "grant" ? " "Até quando é o seu posto?" "Seu visto?" É mais ou menos assim que parecem ser "medidas" as amizades.

E eu me escancaro todas as vezes. Seja numa amizade de 3 dias no deserto do Sahara, seja com um companheiro de musica num posto diplomatico, seja com uma querida amiga que talvez va fazer post doc num outro continente. Porque eu estou convencida que por mais dificil que seja deletar alguem do seu dia-a-dia, um dia-a-dia vazio é pior. Entao de todas essas MUITAS despedidas que tenho tido fica um enorme sentimento de alegria e gratidao. Nesse eterno ciclo de deletar pessoas da minha lista do celular eu tenho criado uma lista bem mais importante: a lista das pessoas que fazem parte da minha vida.

2 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

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