Um mês no Brasil. Em algumas horas volto para Londres. Mais uma estadia que se encerra. E com meus amigos que partem da casa, com as risadas que ficam, com os abraços apertados fica um pedaço meu. Difícil. Difícil voltar para Londres. Era para eu já estar acostumada, com todas essas idas e vindas, e eu sei que assim que chegar em Londres e encontrar todos aqueles que fazem parte de mim lá, tudo volta a fazer sentido. Agora não. Agora eu sinto a vontade de ficar aqui. De falar com minha prima com quem não falei o suficiente, de trocar mais palavras com o amigo silencioso, de abraçar mais o que saiu cedo, de ouvir mais estorias de todos. Agora que eles todos partiram de mais uma festa de despedida minha, mais uma das muitas festas de despedida nesses últimos 8 anos, fica um vácuo. O vácuo de quem queria mante-los todos aqui. De quem queria ficar.
Essa temporada foi profunda. Eu estive no médico, e pude ver toda aquela mudança que eu já sentia no meu corpo materializada ali na minha ressonância magnética. Todo aquele ano que vocês que aqui estiveram bem conhecem produziu em mim uma recuperação espantosa. E eu que já a sentia, já a intuía, ao vê-la num exame médico chorei. Em celebração a vida dancei. Dancei a noite toda. Busquei resolver estórias mal resolvidas. Viajei, encontrei com um amigo querido que há tempos não via. Fui a praia, subi arvore, cachoeira, fiz yoga, karaoke, nadei, toquei violão, cantei. Fui ao samba no Rio. Encantei-me com a musica, com o musico, com os que cantavam, encantei-me comigo. Com quem sou. Com o que voltei a ser.
Então eu sento aqui, nessa madrugada tendo fechado a porta para os últimos convidados. E no anseio de manter tudo isso comigo escrevo. São tantas essas pessoas que amo, que chega a ser espantoso.Como são belas... Não quero partir. Já não entendo como é que vivo sem elas? Mas eu sei que é tolice, e claro que eu não vivo sem elas. Elas são sempre parte de mim. Agora eu só sei disso mentalmente, meu corpo mesmo ainda não se lembrou. Mas logo logo ele se lembra. Ele lembra quando eu encontrar as pessoas que eu amo no outro lado do Atlântico. Mas agora não precisa, agora ainda não.
Um comentário:
Olá Julieta,
lindas considerações sobre as pessoas que vc ama. Ajudam a gente a contetualizar tb. E nem sei se é apropriado falar disso mas... Vc esteve doente? Abraço!
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