quarta-feira, janeiro 14, 2009

I

Como a Charo me deixou uma mensagem muito delicada, perguntando se eu tinha estado doente, resolvi responder em forma de post. Não é exatamente que eu tenha evitado fazer isso, mas é que durante todo o processo do que aconteceu eu fui escrevendo e tinha a impressão que fosse claro. Vou escrever por partes. Pois o que aconteceu, que alias hoje eu considero uma benção, nao pode ser contado assim em uma frase. Bom quer dizer, pelo menos não por mim :) Então, lá vai. Eu vou começar de quando começou para mim. Que é claro, no simbólico.

Há um pouco mais de um ano atras eu fui para o Marrocos. Viagem que eu esperava ha anos. Lugar de onde tenho amigos queridos. Pessoas que de diversas maneiras foram muito importantes para mim. So que quando eu fui para o Marrocos eu já não era a mesma pessoa que tinha sido quando tinha conhecido esses amigos. Eles me conheciam carregando um violão, eu cheguei la achando que arte era uma perda de tempo. Que tudo que não fosse politico, que não fosse justo, que no fosse preocupado com resolver a desigualdade do mundo não tinha valor. Não sei direito como fui parar nisso, mas foi entre abandonar musica, me perder na antropologia e enveredar na politica internacional. Cheguei la, vivendo no meu cérebro. So no meu cérebro.

Deparei-me com minha amiga, pintora, linda, que veio me buscar de tomara que caia no aeroporto. Fiz analises sobre como as classes baixas e altas nunca seguem as regras da sociedade. Observei os rituais. Tive conversas intelectuais, e me senti muito bem com isso. E eu fiquei la no Marrocos 35 dias. 20 deles sozinha. Participei do Ramada, peguei trem, camelo, andei a pé, charrete, carro, e tudo que é meio de transporte. Quando depois de ter estado em muitos lugares voltei para casa da minha amiga. Vi seus quadros. Levou uns 20 dias para eu VE-LOS.

Eram corpos que se soltavam das telas. E eu tendo viajado naquela sociedade. Sentido a coerção e coesão social. A contenção, a tensão. A aflição. O nervosismo. Quando eu voltei e olhei para os quadros eu senti uma coisa arrebatadora dentro de mim. Aquelas imagens transcendiam tudo. Transcendiam o politico, o real, o concreto. Aqueles quadros não precisavam de palavras ou analise para ir no amago. Eu olhei. Olhei. Olhei sentindo me arrebatada por dentro. Pequena. Tola. Sem palavras. E talvez tenha sido ai, que tudo começou.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Julieta... Estou acompanhando atentamente. Continue, continue... Beijão.

Julieta de Toledo Piza Falavina disse...

Obrigada querida!