segunda-feira, dezembro 03, 2007

No Deserto do Saara


No dia seguinte, continuamos a nossa jornada. Fazia muito calor, e eu tentava me cobrir com todos os véus que eu tinha comprado pelo caminho. Naquela noite dormiríamos no deserto do Saara! Viajamos o dia inteiro, por estradas tortuosas, por vilarejos remotos, pela placa que indica que faltam 52 dias de camelo ( nunca sei se é de camelo, ou a camelo..) ate Timbutku. Depois de um dia inteiro de sol intenso, vilarejos, atalhos, começamos a avistar o deserto. Quando estávamos literalmente no começo do deserto, Abdul apontou um hotel e disse: é aqui a nossa última parada.

Ficamos um pouco desapontados, nos tinham dito que dormiríamos no deserto, e eu tinha imaginado no meio do deserto, não em um hotel que tivesse o deserto como quintal. Quando vimos tendas no quintal, tivemos um acesso de riso, pensando que essas eram as tendas para os turistas dormirem no deserto. Barak, dono do hotel, apareceu, nos levou para tomar chá e nos disse que tínhamos algumas opções. Podíamos dormir no hotel, nas tendas no quintal, ou então ir de camelo até um oasis no meio do deserto e dormir lá. Com nosso entusiasmo imediatamente recuperado, escolhemos a terceira opção.

Abdul nos explicou que ele ficaria por ali, e que nosso guia seria agora Hassan. Confesso que fiquei um pouco insegura de ir deserto a dentro com um desconhecido, mas como tudo tinha sido organizado pelos meus amigos marroquinos fiquei mais tranqüila. Subimos nos nossos tres camelos e começamos a nossa ´camelada´. Já era final da tarde, por isso a temperatura estava mais amena. Fomos indo, os 3, meu camelo no meio, mordendo o da Adriana, e sendo mordido pelo o do Haiko. Hassan caminhando na frente. Nossos três camelos amarrados. Eu ,sem saber nada sobre camelos , ficava imaginando o desastre que seria se um deles começasse a galopar.. ou se um inadvertidamente resolvesse se deitar.. Esses pensamentos a parte, o sol ia baixando, e íamos ficando cada vez mais tranquilos.

Num dado momento, quando quase não se via, Hassan pediu um minuto. Largou a corda do camelo, se voltou a Meca e começou a rezar. Ali no meio do deserto, aquele homem parecia tão centrado. Tão certo de onde ele estava. E nós 3, então ateus de carteirinha, nos emocionamos. Ali no meio do deserto, anoiteceu, e toda apreensão se esvaiu. As estrelas tomaram lugar do sol,
o molejo do camelo agora tranqüilizava, e já não tínhamos mais pressa de chegar a lugar algum. E assim num misto de calma e encanto avistamos luzinhas, pequenininhas, e sentimos em nosso corpo vibrar o som do tambor Berber. E assim soubemos o que se sente ao avistar um Oásis no meio do deserto.

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